Bolsonaro coagiu ministros a aderirem ao golpe de Estado

O vídeo da reunião ministerial que está causando furor na internet, obtido pela colunista Bela Megale, de O Globo, em que o então presidente da República Jair Bolsonaro exige a adesão de ministros a um golpe de estado, no dia 5 de julho de 2022, é a página mais infame da história do Brasil do século XXI.

Dois trechos são eloquentes, por ele ao mesmo tempo agredir o decoro, o vernáculo e a Constituição:

“Essa cadeira é uma cagada. Não vai ter outra ‘cagada’ dessa no Brasil. ‘Cagada’ do bem, quero deixar bem claro. Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma ‘porra’ de um deputado”.

“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil. Vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”.

Bolsonaro também insta a levantar a mão os ministros que acreditam na imparcialidade e lisura dos ministros do STF Barroso, Moraes e Fachin, mancomunados, segundo ele, para eleger Lula. 

E é claro que ninguém levanta. Quem levantasse, seria demitido no ato.

Vai ser tarefa de gincana convencer o STF que isso aí não é ato preparatório para um golpe de Estado. 

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”