A falta de diálogo mata a política

Com o advento da internet adentrando todos os lares e a inexorável presença do smartphone em todas as mãos, dos 05 aos 90 anos, é-nos conveniente afirmar que ” está tudo dominado”. As mais simples atividades que conectavam o ser humano numa cadeia física de trabalho, cultura e relacionamentos resume-se hoje a atividade de algoritmos multiplicados por robôs sugerindo insistentemente o que você deve consumir, que roupa vestir, o time a torcer, a religião a seguir. A máquina pouco a pouco vai tomando para si o dimensionamento do pensar, do coletivizar comportamentos que induzem e servem a um sistema de consumo global que tem por único objetivo o lucro que retroalimenta a expansão dos mercados e suas “necessidades”.

Neste contexto, o que seria a mais nobre e apropriada ciência dos relacionamentos, da democracia e da igualdade verdadeira em direitos e deveres, a política, passa a ser um enxovalho de hipocrisias e falsas atitudes, ludibrio do eleitorado com falsas promessas e desconhecimento da realidade.

Por isso os pré candidatos a cargos eletivos em nossa cidade somem, se escondem e se revelam sob o manto do patriotismo exacerbado e na proselitismo de afirmar-se dono da verdade, dos meios produtivos e portanto, também do fundo partidário, verba que esse ano irá para 5,2 bilhões no orçamento público.

Isso mesmo. Os políticos das grandes siglas tais , PL, União Brasil, Partido dos Trabalhadores e outros, dividirão o bolão bilionário, num jogo de cartas marcadas entre os caciques, onde apenas as lideranças consolidadas e por eles apontadas estarão aptos a concorrer aos cargos.

Enquanto isso, a representatividade popular, a presença de lideranças junto aos Conselhos que fazem a base de consulta da sociedade, não conseguem avançar nas politicas públicas de fato por que parte do Poder Legislativo está ocupado por pessoas que para com a coisa pública. Não têm afinidade e empatia . Eleitas, essas pessoas tomam distância do eleitorado, buscando alianças em patamares estadual e federal mas em sua maioria das vezes carreando vantagens para si mesmos, em detrimento das inúmeras demandas sociais. O que se afirma aqui é que o distanciamento do político de sua base pós eleição, dificulta sua reeleição. “A politica é um sacerdócio”, já dizia o saudoso Ulisses Guimarães, e não um mero jogo de sorte ou azar para quem nela se mete; Lida com vidas, Orçamento, ambulâncias, escolas, preço da vida…Portanto deveríamos esperar dessas pessoas um diálogo constante, um prestar de contas institucional através da mídia pública e privada e não apenas vídeos gravados no face book(meta), Instagram e outras mídias. O politico deve se reunir presencialmente com a comunidade dos bairros, dos clubes de serviços, dos esportes, etc. Recorrer a artifícios de patriotismo, moralismo religioso, cortinas de fumaça no intuito de enganar a população dando uma de bom(a) moço(a) é um pecado mortal em tempos de liberdade democrática e de comunicação e não garante votos.

A visita ao eleitor, ao local de obras públicas, a presença na reunião da associação de moradores do bairro, ao Conselho de saúde , da Criança, do Idoso, deve fazer parte da agenda social e política de quaisquer que venha ter um mandato eletivo, como embasamento de seu trabalho e pertencimento `´a comunidade. O tempo atual pede engajamento, afinal, impostos custam horas de trabalho…..

O tempo do tapinha nas costas e a promessa do emprego pra alguém da família ainda existe, mas vai ficando complicado…

Fabiano Gomes/Jornalista