Entrevista com a pré-candidata a prefeita de Rolim de Moura pelo Partido dos Trabalhadores, profª Luzenir Mota.

“O Partido dos Trabalhadores tem uma história de defesa de direitos, lutamos por inclusões, acreditamos na educação como transformação social, acreditamos em livros não em armas, e já colocamos só no município quase 30 milhões de investimento que o gestor atual, não faz nenhuma questão de divulgar”, disse Luzenir.

Dando prosseguimento a nossa série de entrevistas com os (as) pré-candidatos(as) no Colégio eleitoral rolimourense, Fomos recebidos em sua residência pela professora Luzenir Mota, ex-candidata a deputada federal, mulher de família de origem rural – ela mesma trabalhou na lavoura por muitos anos, onde iniciou os estudos que a projetaram para a vida pública. Pedagoga, Especialista em Alfabetização, Gestão de Pessoas e Mestra em Gestão Pública, possui um olhar voltado ao desenvolvimento social.

Luzenir é a opção dos partidos mais à esquerda e que detém em Rolim de Moura cerca de 25% do eleitorado, num verdadeiro desafio frente aos partidos e pré-candidatos de direita. Um verdadeiro embate que traz à luz os discursos contra a mulher no cenário político, a misoginia, as ‘fake news’, a desconstrução da classe trabalhadora nos duros anos liberais. Para desmistificar incertezas e orientar o eleitor quando a essência da política petista e dos partidos de esquerda de uma forma geral, Luzenir concedeu a presente entrevista, na condição de pré-candidata a prefeita na eleição de outubro.

Folha: Professora Luzenir, antes de mais nada, parabéns pela coragem no enfrentamento de disputar uma eleição tão polarizada em nível de Brasil e em especial de Rondônia onde o eleitorado tem um perfil mais à direita…Por que o PT?

Profª Luzenir: Por que o Partido dos Trabalhadores tem uma história de defesa de direitos, lutamos por inclusões, acreditamos na educação como transformação social, acreditamos em livros não em armas, e já colocamos só no município quase 30 milhões de investimento que o gestor atual, não faz nenhuma questão de divulgar.

Folha: Sua formação, na área de educação a motiva a buscar justiça social? Uma coisa tem a ver com a outra? Fale um pouco sobre sua vida, suas experiências que a levaram ser quem é e estar agora no ápice da discussão política em nossa cidade:

Profª Luzenir: Tenho um currículo que eu considero bastante extenso, pois eu venho me preparando para esse momento de disputa ao executivo. Com cerca de 50 anos de cidade, participei intensamente da evolução do município, sei “onde dói”. Aqui criei meus filhos, meus netos, e vivo com meu esposo.

Sou rolimourense!

Com 50 anos de biografia, chegou o momento de participar desse pleito

Folha: Como a senhora avalia o quadro político local e a atuação dos partidos de esquerda nesse espólio econômico na busca do emprego, moradia, saúde, e outras prerrogativas sociais? A esquerda rolimourense e em Rondônia existe?

“Sou rolimourense! Com 50 anos de biografia, chegou o momento de participar desse pleito”

Profª Luzenir: O espólio do desemprego não foi criado pelo Partido dos Trabalhadores, foi criado pela extrema direita, que com sua ganância, continua atrelada ao modelo colonial, escravizando os mais pobres e utilizando o dinheiro público para enriquecer cada vez mais. Quanto a existência da esquerda, com certeza existe, é raiz e vai mostrar no decorrer do tempo, que esse modelo de direita é fracassado e incompetente, exala o ódio e não tem projeto.

Folha: Ainda na condição de pré – candidata, o que diferencia sua candidatura das demais em RM?

Profª Luzenir: Não tenho padrinho político, embora eu seja de origem indígena, não tenho cacique, tenho o povo, meus vizinhos e amigos que construí em cinco décadas.

Folha: Como tem sido sua atuação política, o que mais a prende na lida partidária e onde reside seu foco nesta cidade, de forma a poder sugerir mudanças na administração atual?

Profª Luzenir: Meu interesse é principalmente pela demanda dos mais pobres, os esquecidos, os sem rostos, que temos no entorno de toda a cidade. Oferecer segurança aqueles que trabalham para os “coronéis”, de maneira que ele perceba que de onde ele vem, ele só precisa cumprir sua obrigação laboral e não ser um escravo das ideias do patrão, isso não significa que vou exalar ódio por quem tem dinheiro, ou seja, rico, nada disso! Cada um em seu lugar, com sua importância individualizada.

Folha: qual o momento político de Rolim de Moura, por que devemos promover uma mudança até mesmo radical na governança municipal?  A senhora e o PT estão preparados pra assumir esta mudança que exige grande conhecimento técnico e político?

Profª Luzenir: Fabiano, radical? Não vejo nada de radical, a mudança vai acontecer. A questão é que desta vez, sem padrinhos, sem arranjos, tratando servidor público que é parceiro, com proximidade, por que sem ele o município não caminha. E o mais importante o Governo Federal contribuindo efetivamente.  Não esqueça, o município é o único ente físico na estrutura de poder do país.

Folha: O Governo do presidente Lula está conseguindo entregar à população aquilo que foi prometido na campanha?

Profª Luzenir: Bem, o Governo Federal vem sendo sabotado pelo Congresso não é de hoje, criando “jabutis”, forçando a barra para desonerações, objetivando para que a meta fiscal não seja atingida, prejudicando as finanças e por consequência, os investimentos do governo.

Muitos criticam, mas não sabem nem o que estão criticando, eu sou defensora do corte de juros e que neste momento, de crise mundial, o governo precisa se endividar para financiar a produção em todos os níveis, alimentando assim o crescimento.

Folha do Norte: O que a senhora tem a dizer sobre o atual modelo econômico na área de produção de alimentos e proteína animal que não favorece a cadeia de produção da agricultura familiar e sim, em grande volume ao agro? Como conviver com estas discrepâncias?

Profª Luzenir: Bom, se você fala do modelo micro, eu acredito que a agricultura familiar precisa de ajuda e preparo, inclusive sou crítica da forma como o SENAR(Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) atua, onde precisa ter mais presença física e não online, mas presença física para que o agricultor aprimore suas técnicas na produção, mais financiamento, diversificação da produção para que não esbarre no excesso de um produto e por consequência o fenômeno de mercado, queda de preço. Muitas coisas não me cabem discutir agora como pré candidata, por que entraria em assuntos que me são vedados.

Folha: E quanto ao Poder Legislativo, como deve ser a relação do executivo com o legislativo? O vereador tem que ser um parceiro de obras?

Profª Luzenir: A relação deve ser institucional. O Legislativo precisa entender que as finanças do município têm uma dinâmica, com necessidades e obrigações. Eu chamo a atenção de uma coisa, a anos o município precisa de um indexador das leis e nunca foi feito, as últimas legislaturas se atém a coisas surreais como “emplacar carroça de burro”, nem sei se foi aprovado, mas o projeto existiu. Isso tem cabimento?

Folha: Uma mensagem sua às mulheres que disputarão a eleição para a prefeitura e também à Câmara Municipal:

Profª Luzenir: Nessa pergunta temos um problema, temos duas categorias, aquelas que fazem oposição ao prefeito por procuração e aquelas que realmente desejam contribuir com a sociedade, independente de quem seja o prefeito. Eu particularmente me dou muito bem com o atual gestor, mantemos uma relação de cordialidade, não precisamos odiar ninguém e ou “bagunçar” uma administração.

Meu desejo é que muitas mulheres se elejam para ocupar esse espaço de poder e tenhamos uma Câmara totalmente renovada.

Quero deixar uma mensagem a todos que tiverem acesso a essa sabatina: Eu não acredito em perpetuação no poder, eu acredito na transparência das ações de qualquer governo, não pretendo caluniar ninguém para chegar ao poder, não faço crítica sem oferecer uma solução, todos vocês munícipes, os considero parte da minha vida, porque aqui estou desde 1975, e não vou sujar minha biografia.