OPINIÃO:

ENGENHEIRO DIZ: ‘CONCESSÃO DA BR 364 COM DEZ PEDÁGIOS, SÓ 100 KM DE DUPLICAÇÃO E ALGUMAS TERCEIRAS FAIXAS É UM ERRO GRAVE’

Nosso espírito de vira-lata foi ativado ao aceitarmos o projeto do governo federal de privatização da BR 364, entregando as obras à empresas privadas, que terão direito de 30 anos sobre ela; implantando quase uma dezena de pedágios e dando milhões e milhões de reais a quem vencer a licitação, estamos assumindo um grande erro” Fosse feita pelo Dnit, a mesma obra não teria apenas 100 quilômetros de duplicação, como previsto no sistema privatizado, mas sim seria duplicado todo o trecho, de mais de 700 quilômetros, entre Vilhena e Porto Velho, por exemplo. Quando o rondoniense aceita pagar vários pedágios, que existirão em locais onde não haverá duas pistas, tirando do seu bolso algo em torno (nos valores de hoje) mais de 280 reais para ir e voltar de Vilhena, estará assumindo que não merecemos muito mais. Quem está dizendo tudo isso? Algum parlamentar da oposição? Alguém que, por ideologia, é contra as privatizações? Nada disso. O resumo do que foi descrito neste texto é a opinião de um técnico, de um experiente engenheiro. E onde ele trabalha, para ter conhecimento profundo do assunto? Ora, no próprio Dnit de Rondônia, onde se destaca pela seriedade com que atua, no mesmo nível dos seus colegas e tem sob sua responsabilidade acompanhar e fiscalizar várias obras. Inclusive na BR 364 que hoje, desde que começaram a ser liberados recursos para o órgão, em Rondônia, está em condições muito melhores. “Não há um só buraco na BR, desde Porto Velho até Pimenta Bueno”, diz o engenheiro Emanuel Neri. Ele sabe disso porque acompanhou, dias atrás, membros da diretoria de Planejamento nacional do Dnit, em vistoria à rodovia. A equipe do Dnit rondoniense só ouviu elogios pelo trabalho que tem realizado.

Emanuel Neri sugere, como alternativa à privatização, que o Dnit receba os recursos necessários para ele mesmo realizar toda a duplicação. “Depois sim, se pode pensar em privatizar para a manutenção, inclusive com pedágios”. Aceitar o projeto como está, alega, será um retrocesso. Ele ainda lembrou que no governo anterior, o então ministro Tarcísio de Freitas não autorizou o Dnit a ampliar as obras de duplicação, alegando que tudo seria privatizado. O mesmo ministro teria desautorizado o Dnit a realizar as obras do Anel Viário de Porto Velho, das Irmãs Marcelinas ao Porto, embora já houvesse um projeto pronto, dependendo apenas de licitação. Agora, a história se repete. Tira-se o Dnit da jogada pela privatização e, daqui a alguns anos, se poderá ter a triste constatação de que, como ocorreu com o Anel Viário, não aconteceu nem uma coisa nem outra. “Não podemos ter este espírito de vira-latas. Rondônia merece muito mais e o melhor”, diz Emanuel. É caso para reflexão. Será que privatizar a um custo tão alto para o bolso do contribuinte, com a dezena de pedágios, é mesmo o melhor caminho?

***engenheiro Emanuel Neri.