Personalidades em destaque

Esta coluna criada por nossa editoria, ainda remanescente do jornal homônimo impresso na década de 2000, traz o resgate e a homenagem a personalidades do dia-a-dia de nossa cidade, com ênfase àquelas pessoas que desenvolvem trabalhos e pesquisas sociais, voltados à melhoria da qualidade de vida da população. São pessoas que rotineiramente desempenham papel de destaque por seus trabalhos e modus operandi que contribuem para a evolução humana na acepção da palavra

Nedilma Rossi e Gislaine formam a parceria técnica e social da Associação de Moradores do bairro Centenário e da extensão local da CUFA – Central Única das Favelas, entidade presente em 17 países.

Abrimos esta seção com a entrevistada Nedilma Rossi da Silva, Pedagoga, Psicopedagoga clínica e especialista na pedagogia parenteral – Aquela que investiga a fundo as causas e efeitos que levam o ser humano a buscar ocupar seu espaço social, ancestralidades, histórico do meio social e outros fatores determinantes para realizar um trabalho minucioso de resgate da dignidade e cidadania da pessoa.

Presidente da Associação de Moradores do bairro Centenário, em Rolim de Moura, Nedilma nos recebeu juntamente com a tesoureira Gislaine Rodrigues, tecnóloga ambiental e parceira na administração da entidade e projetos desenvolvidos pela Associação.

“Eu tinha quase tudo para dar errado, filha de pais separados sem estrutura emocional e financeira, mãe solo de dois filhos… Mas superei todos os desafios e aqui estou, lutando pelas mulheres conquistarem seu espaço justo na sociedade”.

Em forma de relato, a presidente declarou que sempre esteve atuando em questões sociais, ao tempo em que investia em sua formação intelectual, em especial na pedagogia familiar, iniciando o trabalho social na Assembleia Legislativa, onde atuou por certo tempo assessorando um parlamentar em sua agenda social; Teve início o conhecimento técnico para elaborar projetos diversos para muitas entidades no estado de Rondônia estando à frente da Casa de Apoio mantida por aquele parlamentar com o fim de prestar assistência aos pacientes e acompanhante idos do interior para a capital; Segundo ela, nesse período pôde avaliar o sofrimento de pessoas sem renda, vítimas de doenças, acidentes, com famílias muitas das vezes desestruturadas, sem recursos e que no ambiente hospitalar promoviam uma verdadeira rede solidária de apoio entre si. “ Entendi que estamos e devemos viver numa cadeia de solidariedade – de apoio mútuo!”, diz ela, assumindo  em 2013 um trabalho na Pastoral do Menor da comunidade São Daniel Comboni, onde então conheceu e surgiu a parceria com Gislaine.

A base de todo esse trabalho, que envolve o nosso credenciamento junto à CUFA – Central Única das Favelas, entidade presente em 17 países, reside no bem estar da família, em especial à mulher chefe do núcleo familiar, prestando suportes como alimentação, medicação, educação e atenção básica na saúde, além de eventual intermediação de conflitos familiares em parceria com os órgãos e Conselhos dessa área. Durante a pandemia de Covid -19, a CUFA, que tem sua sede no rio de Janeiro, destinou  alimentos, chips para telefones para que as crianças pudessem acessar a internet e a escola, ne 500 botijas de gás foram distribuídas com recursos da própria entidade.

“ Não nos satisfaz o assistencialismo imediato sem que haja políticas públicas definidas e assumidas pelos poderes, a fim de que a população tenha dignidade e possa exercer a cidadania – Sem políticas destinadas ao fortalecimento do SUS, por exemplo, o que esperar do atendimento na rede de saúde? Questiona a líder comunitária.

Reeleita para o cargo de presidente da Associação por unanimidade de votos, Nedilma agradece o apoio das famílias do bairro Centenário e da sua “madrinha” e fundadora da associação, ex-vereadora Marlene Lira. Com tantos anos frente à entidade, Nedilma disse que dedicou-se a estudar  tudo o que pode sobre a família e as decorrências de sua desestruturação, estando aí a base de todos os males sociais;

A assistente Gislaine, responsável pela pesquisa e elaboração de projetos, bem como pela arrecadação de bens e víveres necessários a dar suporte às famílias mais carentes, reforçou a fala de Nedilma, acrescentando que toda a visão e esforço desse trabalho é voltado primeiramente à mulher, “Por entendermos ser ela fragilizada em qualquer fase de vida e em qualquer contexto – diz ela – Quando se torna mãe de família sozinha, então os problemas dimensionam muito, então temos os olhos voltados principalmente à educação, saúde e moradia para estas pessoas que não tem outra saída…”, disse Gislaine.

Nedilma também não poupa críticas ao sistema vigente de troca de favores na política e declara sua neutralidade na disputa de cargos eletivos da esfera pública, por não concordar  com muitos desmando orçamentários e desvios de finalidade nos objetivos finais da classe política.

“Ou você concorda com a maioria que prefere a maior fatia do bolo, ou simplesmente é descartado pelo sistema político-partidário; Creio ser mais útil nesse trabalho de base, não remunerado, disponibilizando  quando necessário estudos e projetos a outras entidades, mas firme em minhas convicções como mulher, mãe e parte de uma sociedade que  precisa ser mais solidária, precisa disso pra evoluir e vencer os grandes desafios que temos pela frente.

Folha do Norte.